segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Cancelada a Temporada 2013 da LFA (Liga de Futebol Americano) .


CARTA ABERTA 

São Paulo, 7 de outubro de 2013.

A Liga de Futebol Americano vem comunicar que a temporada de 2013, programada para se iniciar em novembro, não será realizada. Devido à desistência de um importante investidor da primeira rodada de capital, fomos obrigados a adiar a temporada para 2014. Nos próximos dias a LFA e a Brazen anunciarão que atividades ainda ocorrerão este ano e qual o formato que o projeto da Liga tomará ao longo do ano que vem.

Há cerca de dois anos, a LFA vem sendo desenvolvida por um grupo de idealistas que acreditam no futebol americano e, por isto, colocaram suas vidas num sonho que muita gente acha impossível: criar uma liga profissional no Brasil sem política, amadorismo ou ataques pessoais.

Em junho, conseguimos fechar a rodada inicial de investimentos, que nos traria até o início da temporada e viabilizaria a realização da segunda rodada, já programada e em avançado estágio de negociação. Todas as frentes estavam perfeitamente alinhadas e em dia: acordos de mídia fechados, local e construção da arena negociados, atletas recrutados e americanos com vistos emitidos e até um primeiro patrocinador global (também patrocina a NFL).

No final de setembro, fomos surpreendidos pela decisão de foro íntimo de um de nossos investidores-âncoras de não participar mais da primeira rodada de investimentos, mesmo depois de já ter se comprometido com o projeto. Na prática, isto acarreta mais do que um atraso no cronograma. Como há um prazo para a realização do projeto e compromissos assumidos, não víamos a possibilidade de em tão pouco tempo substituir alguém de tanto peso e fundamental para o projeto. Insistimos o quanto foi possível, buscamos alternativas. Nós, os sócios atuais, fomos ao limite das nossas economias pessoais para manter a chama acesa até que uma decisão fosse tomada.

Na quinta-feira, 3/10, recebemos a negativa final do investidor. 

Talvez o projeto não fosse bom o suficiente. Talvez nos tenha faltado alguma competência. Sinceramente não foi o que ouvimos de emissoras (recebemos propostas de cinco canais de TV por assinatura ou aberta para transmitir a Liga, além de duas das maiores plataformas globais de distribuição de conteúdo digital), investidores (tivemos feedback positivo de mais de 10 grupos), parceiros (entidades, produtoras, agências, fornecedores) e patrocinadores (temos hoje conversas avançadas com nada menos que 15 marcas interessadas na Liga), que acreditaram na LFA. Em comum, uma impressão: nunca haviam visto um projeto tão profissional e tão bem estruturado no mercado brasileiro do esporte – não somente no futebol americano, diga-se.

Da IFAF, vimos mais do que o interesse do desenvolvimento do esporte no Brasil, mas o vislumbre de um modelo econômico que poderia ser replicado em outros países para que o futebol americano pudesse ocupar seu merecido espaço como esporte global.

Mas nenhum apoio se compara ao que recebemos da comunidade do futebol americano. Mais de 50 mil pessoas correram para acompanhar nossa página no Facebook em três semanas. Mais de 520 atletas estiveram presentes aos Combines e aqueles que consideramos os 66 melhores estiveram conosco num histórico training camp da Seleção Brasileira em Limeira, no final de abril. Cerca de 1.400 atletas se inscreveram para jogar na Liga. Mesmo nos Estados Unidos, chegamos a entrevistar 120 atletas. De outros países como Japão, México e Portugal, recebemos pedidos de atletas por uma chance de participar. 

Pessoalmente, é um dia muito triste para nós – como acho que deve ser para tanta gente que acalentou a esperança de que o futebol americano profissional no Brasil não fosse um sonho, mas uma realidade atingível. Nós seguimos acreditando que é, apesar do percalço que tivemos na nossa trajetória, e continuaremos trabalhando para que seja.

Não obstante, veremos gente celebrando, como se o atraso no esporte fosse uma vitória a ser comemorada por mais do que alguns poucos. A profunda divisão do futebol americano amador e a visceralidade tóxica como algumas pessoas se atacam em público certamente tiveram um papel em dificultar o caminho. Tivemos que vencer a resistência inicial de muita gente e vimos investidores e patrocinadores serem afugentados pela impressão negativa que tinham do produto que está disponível hoje.

Hoje estamos adiando o projeto e trabalhando nas alternativas. Somente faremos anúncios de novas atividades quanto tivermos certeza de que os recursos para tais estão absolutamente seguros, para evitar transtornos como os já ocorridos.

Acima de tudo, daremos todo o apoio que nos for possível àqueles que estiveram do nosso lado nesta jornada que, apesar de não chegar ao final deste ano como planejamos, tem sido de uma riqueza inestimável pelo caráter e pela qualidade das pessoas que conhecemos e que dividiram o sonho conosco.

Contamos com a compreensão de todos aqueles que acreditam que vale a pena fazer mais pelo nosso esporte.

Cordialmente,

Liga de Futebol Americano

Um comentário:

  1. Embora tenha tido um posicionamento contrário a criação de uma liga nestes moldes, estava torcendo para que desse certo. Inclusive já tinha até reservado minha passagem e o hotel quando divulgaram a primeira data. Bom bola pra frente que temos muito trabalho com nossos times por aqui.

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